1. |
Indústria (Intro)
02:04
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2. |
Autêntico
02:58
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Eu vivi os 2000, era dourada do rap
ninguém optava por cheques, um MC dropava por sete,
cada rima constava nos becos, rondava por perto
aquela essência que nos honrava, hoje não dou nada por certo
Muitos com garra, modestos, um som bombava por dez
Estilo não se comprava ninguém vinha com Prada nos pés
Sobre quem era o melhor… não se poupava protestos
A rima mais ousada era louvada, não se roubava projetos
Não me vejam apenas como mais um louco que murmura
É que MC's recebem euros a troco de postura
Sinceramente nunca soube qual foi o ponto de rutura
Eu contribui pa' que na arte houvesse um pouco de cultura
Mas o Rap já não tem camadas só cantadas cansadas
Melodias são às carradas não há escarradas descaradas
Venho com unhas e dentes com dicas assim bem dadas
Carreiras acimentadas ficam assim deitadas, acidentadas
Mostrem skill, essa é a minha sugestão
Porque o MC já não rima, só se aplica no refrão
Não importa a mensagem, querem a batida do verão
Não há rap à moda antiga é a mesma cantiga por pressão?!
Não entendo... ser MC é manter a mente aberta
E transpôr no papel o que a muita gente afeta
Então digam-me... Acham que fazem a cena certa?!
Ou só gaguejam na escrita ao baterem na mesma tecla?!
Eu não espero 'tou mais esperto eu espeto o que expresso na vossa cara
É o meu reflexo ao me ver perplexo, repleto desta nova vaga
De pseudo artistas que liricalmente não me prova nada
Presos ao que a moda traga, pra' que alguma porta abra, né?!
... Nessa paixão ardente, pa' onde vai a chama?!
Dizem que amam o que fazem mas amam mais a fama
O vosso empenho é só tretas, desculpas, invenções...
Vocês gostam de Hip Hop mas com segundas intenções
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3. |
Benção
02:45
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Não fico de luto no remorso ao ver o mundo num destroço
O que faço é fruto do esforço sem um grupo de reforço
Sem pena de quem apenas penda para o fundo do poço
Se vendo a alma ao diabo quanto é que junto no bolso?!
Aqui é labuta ou o xadrez, acabo o frete tarde
A tentar matar a fome, talvez um cheque mate
Passo a passo atrás da pasta não é amor à profissão
Se vendo a alma ao diabo qual o valor da comissão?!
É só contratos precários pa’ nos manter fatigados
Muitos procuram padrinhos mas sem haver batizados
São vidas correntes a ser escravo do sistema
E no meio deste estrago será o estado o dilema?!
Eu sinto que sim e singro com uma simples sinfonia
Pa’ citar que não há simbiose nem sincronia ou sintonia
Mas sou sincero… se podia mudar isto, sim podia
Só que sigo no sigilo ‘tou sozinho ao fim do dia
Ao contrário de muitos não ‘tou submisso a subsídios
Submersos nas contas acabam submetidos a suicídios
É surreal, um suplicio sucessivo
Somos sucessores de um sucesso não sucedido
Sou quem busca algo melhor e só se esfola na ida
Uma pessoa sem esmola, falida, é a escola da vida
É real! Não penses que essa parte ofusco
Mas nem assim me vendo, não vou dar-me ao luxo
Traço o meu trilho não se trata de ser um traste ou trouxa
É triste só tretas mas ‘tou nos trintas e trouxa a…
… maturidade pa’ sobressair por cima do drama
Quem está em paz já não muda a sua rotina por grana
E de bom grado dou graças sou grato por tudo o que tenho
Fui obtendo gradualmente segundo o grau do meu empenho
É real! E é de realçar que me tenho afeiçoado
Ao ser quem sou e deixo acentuado que me vejo abençoado
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4. |
Luzes
03:08
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As luzes da cidade que iluminam um trilho novo
São as que nos encadeiam e nos tiram o brilho todo
Apesar das dificuldades eu daqui não fico longe
Cheguei até à cidade e é aqui que eu vivo hoje
(x2)
Cidade de luzes lúdicas que alucinam mentes lúcidas
E as iludem como lucifer pós’ luxos de gentes púdicas
Sentes múltiplas vozes em becos escuros, escuta…
Escola de rua, aqui quem largou os estudos escusa…
…Que não há vidas promíscuas nem pa’ bons amantes, deduzo
Que só a miséria te abraça, não há acompanhantes de luxo
Como o toque de midas põe a mão em tudo onde fores
Não dá pa’ ser paciente neste mundo de doutores
A tentação tem tendência a ternos na tenra idade
Na tentativa de nos tentar tornar servos da precaridade
Na dificuldade o dinheiro fácil é que nos retêm minados
Não somos primeiros em nada, somos sempre terceirizados
É o ciclo de quem circula neste círculo que virou um circo
Não acho cívico não conseguir mais do que um “civic” e sinto
O cíclico lado sínico de quem se inclina pa’ um padrinho hábil
E vem dizer que a vida na cidade é um caminho fácil
As luzes da cidade que iluminam um trilho novo
São as que nos encadeiam e nos tiram o brilho todo
Apesar das dificuldades eu daqui não fico longe
Cheguei até à cidade e é aqui que eu vivo hoje
(x2)
Cidade de luzes brilhantes que nos ofuscam desde infantes
Vês costumes vibrantes que nos ocupam entre instantes
Aqui viver do vencimento é uma tortura e satura
Pra’ outros, o que é uma fatura pa’ quem tem fortuna em fartura?!
Aqui só vivem os V.I.P.’s dos novos tempos
Entre os nobres vemos quantos pobres temos a quem sobre menos de novecentos (€)
Financiamento passa mesmo a passe reles
Pa’ o passatempo de quem passa da passadeira às passerelles
À margem da cidade vês cada distrito marginal
Nesta selva de betão é preciso instinto animal
É ver quem se alimenta de quem, quem é o invicto canibal
Onde um “por amor de deus” não é nada divino afinal
Onde muitos não têm o luxo da reputação de um emprego
E aqueles que se submetem à exploração eu entendo
Por trás do glamour a cidade é só pós’ fortes
Pa’ quem vive nos becos que não apanham a luz dos holofotes
As luzes da cidade que iluminam um trilho novo
São as que nos encadeiam e nos tiram o brilho todo
Apesar das dificuldades eu daqui não fico longe
Cheguei até à cidade e é aqui que eu vivo hoje
(x2)
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5. |
Dedicação
02:45
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Foi o meu túmulo, é cúmulo, pune-me por estes anos todos
Foi fúnebre, tornei-me um número, o que une-me a tantos outros
Mas sou o filho pródigo, próximo do próprio propósito
Propício para o pódio para ser proposto como ótimo
Humilde com uma fome real sem ter o rei na barriga
Como como um comum com um apetite de quem afadiga
A minha história já ta’ escrita e aqui ta’ resumida
Ta’ mais acima quem me assina a sina assim na desportiva
O meu fado é um fardo eu faço o que falo é um facto
Cada frase é uma fase face o que passo não me calo é um pacto
Que fiz comigo mesmo, eu tenho corrido vês-me
Contido entre o são com o doente, o que tenho sofrido enche-me…
Aqui abutres sonham alto mas não voam
Pa’ quem se intera que a inveja impera não interessa como soam
Querem deliberar pa’ me dilacerar e se deliciarem
Joguem limpo pra se assearem e até lá não depreciarem
A minha identidade teve crises, cruz-credo foi terrível
Fiquei incrédulo agora só quero crédito pa’ ser credível
Já não me rendo a um rendimento rentável pa’ renda
Já me contento contente sem ser pensável a venda
Pa’ quem nota o meu valor eu já me sinto enriquecido
Ignorância é felicidade e eu não fico entristecido
Ignoro enrijecido, dou no duro, eu vi que sim
Sou eu que vivo e decido o que no fim se diz de mim
Não deixo largado o legado ‘tou ligado na missão
Pós’ mais novos eu tenho virado ancião e ditado a lição
O brilho do ouro tem- vos cismado na ficção e dado ambição
Mas o que eu faço é que tem ficado tradição e trago aptidão
Pa’ continuar, aqui o concebido é conseguido
Trabalha e o desejo de ter o som devido é conseguido
É esse o código de honra! É o que tenho destinado
E deixo decifrado num trecho recitado que venho dedicado
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6. |
Vícios
03:03
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É o vicio que me acalma, que me tira a sede
Aqui nestas águas sou mais um peixe a ir à rede
Eu sinto o vicio pa’ outras coisas sentir menos
Nesta turbulência há um turbilhão de sentimentos
(x2)
Pela vida guardo apreço, não há preçário pra’ essa
Fiz uma prece e esperei por um presságio sem pressa
Mas tantas vezes acabei estático e meio rígido
Tanto investi em garrafas e nunca vi dinheiro líquido
Pego um copo e me perco um pouco sinto o corpo a ir pelo poço
Preso ao preço eu peço outro só quando o troco é que eu o pouso
Dinheiro não compra a felicidade, é mais um mito que enjoa
Gastei o meu a afogar mágoas, sou esse tipo de pessoa…
… Presa ao passado… que tipo de vida a destina?!
Perdida na neblina à espera que cada ferida a previna
E assim mantem a imagem da rotina retida na retina
É a narrativa de pessoa que espera que bebida a defina
Mas daí o que ressalta é o resseco da ressaca
Roça o ridículo nessa vida o degredo que se destaca
Assim observo obtuso, absorvo o absurdo
Só pó’ vicio que me chama é que eu não ando surdo
É o vicio que me acalma, que me tira a sede
Aqui nestas águas sou mais um peixe a ir à rede
Eu sinto o vicio pa’ outras coisas sentir menos
Nesta turbulência há um turbilhão de sentimentos
(x2)
Antes do declínio mostramos inícios de indícios
Com substâncias criamos vínculos e vícios fictícios
São eles que nos alimentam, pa’ quem se encanta, acorde!
Falando doutra forma, no fundo, este fumo engana a fome
Sinto que cinco minutos tem sido pouco enquanto me sirvo de um cigarro
Assim por senso sento um pouco enquanto acendo mais uns quatro
Com isso fico liso, sem guito sigo com o riso rouco
Mas eu preciso disso se não digo-te viro louco!
Inalo tal e qual igual uma chaminé eu chamo-lhe fé
Que a nicotina acalme, eu puxo, dando-lhe bué
E o que sinto é como se tivesse no paraíso e para isso eu paraliso…
É crucial no dia-a-dia, não banalizo
Será que é mesmo assim?! Ou é do meu psicológico?!
É melhor largar os vícios, eu acho isso lógico
Hoje eu sou sensato, que sensação sensacional
Fugir ao senso duma vida sem sabor e saber ser passional
É o vicio que me acalma, que me tira a sede
Aqui nestas águas sou mais um peixe a ir à rede
Eu sinto o vicio pa’ outras coisas sentir menos
Nesta turbulência há um turbilhão de sentimentos
(x2)
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7. |
Cobiça
02:57
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Apenas olhas pó’ que eu tenho à espera que haja defeito
Só porque olhas pa’ tua vida e não vês nada de jeito
Fica a saber que essa tua atitude parva rejeito
Se fizesses mais por ti eu até te dava respeito (mas não…)
(x2)
Passei e sobrevivi àquela fome sofrível
Mas ninguém acredita até que se prove possível
hoje esperam que a minha atitude se torne punível
porque se sentem em baixo quando alguém sobe o nível
na casa dos que invejam já não me sinto hospedado
pa’ esses é engraçado, se falo do que vivo só me gabo
só ‘tou a ir atrás do meu, é com isso que fico obcecado
já nem “beefo” com rappers, só com o recibo de ordenado
mudam-se prioridades, escolho o que passo a colher
e assim perdem-se amizades, vês esse laço a morrer
mas o que eu traço pa’ mim, eu não traço pa’ sofrer
e mantenho o meu orgulho, não dou esse braço a torcer
porque eu percorri a estrada, nenhum puto cedeu atalho
tudo o que eu conquistei é fruto do meu trabalho
eles vêm o que tenho, só não vêm tudo o que eu batalho
se falasses do que tens vivias mudo seu bandalho!
Apenas olhas pó’ que eu tenho à espera que haja defeito
Só porque olhas pa’ tua vida e não vês nada de jeito
Fica a saber que essa tua atitude parva rejeito
Se fizesses mais por ti eu até te dava respeito (mas não…)
(x2)
À 10 anos atrás não vias uma rima sem beat
Fiz um legado sozinho, tudo sem firma nem clique
Era pobre mas sonhava viver num clima bem chique
Só andava a pé, agora pauso num “bimmer and shit”
Sim eu tinha amargura, vias tudo no rosto
O rap foi a minha armadura, fiz-me ao mundo por gosto
Eu fui buscar a ambição pa’ ser o puro colosso
Matei a sede com a água que bebi do fundo do poço
Às vezes nem sabia se ia comer no dia a seguir
Mas todo aquele que nasce pa’ sofrer um dia há de rir
Eu sempre disse que antes de morrer o meu dia há de vir
Podia ter tido ajuda mas isso não me via a pedir
Só melhorou depois de tudo o que era péssimo acabar
Se foi obra de deus? Sou muito cético pa’ falar
Acho que fiz por mim, não podem esse mérito apagar
Tinha dívidas mas hoje tenho crédito pa’ gastar
Apenas olhas pó’ que eu tenho à espera que haja defeito
Só porque olhas pa’ tua vida e não vês nada de jeito
Fica a saber que essa tua atitude parva rejeito
Se fizesses mais por ti eu até te dava respeito (mas não…)
(x2)
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8. |
Rotina
03:01
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Não percorro um só caminho, perco-me em atalhos de vários
O meu percurso são percalços em trabalhos precários
No dia-a-dia não me misturo pa’ fazer parte dos aceites
Porque quando uns metem água fazem-me estar com os azeites
Mas tenho tento na língua, umas coisas podem apimentar outras
Não ando a inventar broncas eu tenho que alimentar bocas
Diz que disse não me suscita franqueza
Não sou quem pensa na empresa, penso na comida na mesa
Sou da classe onde a carga horária exigida é excedida
É te exibida e exercida, diz que não e és despedido em seguida
Estou atento que sou tentado a tentar atender à expectativa
Mas tenho o pensamento atempado, sou mais esperto ainda
Ser um escravo do sistema não é o que eu espero da vida
Mas sim voltar pa’ casa pa quem me recebe na vinda
Só quero o meu lar onde me sinto hospedado
Mas ainda vivo obcecado com o recibo de ordenado
Banalidade que se torna em torno de um turno novo
Rimo sobre dar ao remo nestas águas onde é tudo lodo
Talvez mude de ramo pa’ mudar o rumo todo
Nunca fui de mostrar medo e eu já não mudo, ponto!
Pode ser ofensa ao ofício mas não me ofereço
Não opto por ser obtuso, observo mas não obedeço
Não sou capacho nem cachopo e já não tenho pachorra
Eu cá acho que levar cachaporra desta vida cachorra
Não é destino que se preze, não é isso que se pede
Mais um serviço que se negue é quando ele é preciso que se perde
E assim fico sem saber como agir
Já é padrão o patrão a tentar-me coagir
Nada muda, ainda adianta manter a fé assim?!
Foram as escolhas da vida que me trouxeram até aqui
Em tempos eu vi porquês mas não é isso que em mim tu vês
Sou só mais um ao fim do dia a tentar chegar ao fim do mês yah
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9. |
Solo
02:38
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Eu bebo um golo enquanto finto a morte…
Vejo muitos a leste enquanto viro pa’ norte
‘tou a fim de algo e no final, o meu propósito eu vou findá-lo
Não sou fidalgo vou afiná-lo e o vosso ódio eu vou finá-lo
Lavagem cerebral pa’ mim é trauma de outra mágoa
Se fico de cabeça quente agora fervo em pouca água
Não devo nada a ninguém, sei que tenho a conta paga
Neste momento eu não me vendo a quem não me compra nada
Pra vocês, não me comprometo com promessas
Só compro o tempo com palavras, sejam efémeras ou perpétuas
Então sossego não vos sucedo, não vou atrás do sucesso
Não socializo mas não sou cego é esse o vosso processo
Pra mim, se não é pa’ ser então passo
Eu aprendi que aqui todo o prazer tem um prazo
Estou a par que estar à parte não me faz vedeta nem astro
Só fico a um passe de um impasse por causa de um emplastro
O meu sangrado foi sarado comparado com agrado
Com a vontade de deus por ter um dom sagrado consagrado
Nunca fui patrício com património de patrocínio
Na cabeça tinha dinheiro mas não vivo do raciocínio
E vejo nas editoras os que são nascidos promovidos
Mas no que toca a nota verde não há amigos coloridos
Nunca sonhei ser o mais conhecido mas reconhecido
Com o respeito dos primórdios para ser reproduzido
Se não me acho forte, minto! Aqui o meu nome vinco
E com este dote sinto que posso ser top 5
A cada momento me mesmerizo é mesmo isso eu memorizo
Cada rap que imortalizo nas memórias que modernizo
Desde o início a ajudar, enquanto não cais… tenta!
Trouxa muitos às costas, a caminhada foi mais lenta
Já o teu rapper favorito, quantos manos põe?
Comecei nisto em ’06 vê há quantos anos foi…
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10. |
Mestria
02:39
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Faço rap pa’ rappers e não pa’ pitas burras
Sou um homem de palavra isto são as minhas juras
Aqui é produto de qualidade só tenho dicas puras
O que escrevo é biográfico pa’ essas vidas duras
Sou de uma era perfeita que não gera receita
Porque me alimento de rap cru que a minha gera respeita
E pa’ esse público eu não vim pa’ agradar chonés
Uns tiram-me o chapéu, o resto fica a apanhar bonés
E pa’ quem nunca se renderia e agora tudo tolera, pudera…
A língua mordera e numa era moderna modera
Só querem as luzes, eu quero ver até que lado chego
Falam de amor, o meu rap é estupro porque vi o lado negro
Esquece a tua lista de presunções
Porque eu sou uma mistura mística, mista de emoções
Sou o prof que vos reprova, repugna-me o vosso reportório
E vos recordo com repulsa enquanto retorno com um rap notório
Hoje o rap é doença, onde é bom ser viral ou vi mal
O meu conselho eu vim dá-lo, é vital não evitá-lo
O movimento temos que vincá-lo e vingá-lo, eu vim calmo
Pra’ com o tempo vir igual e leal a quem me igualo
Pra’ isso talvez a minha rima seja meia profética
O sangue que pus nisto tirei da veia poética
E sou real mesmo que não bata, talvez seja por ética
Ou talvez goste do meu canto e não queira polémica
Se me promovo, não é pró’ bolso é pro bono
O vosso som é só sono, eu sou dono do legado pó’ trono
E pela previsão é provisória a vossa profissão
Sinto e digo com precisão, não é promissora a vossa posição
Com o tempo morrem na praia e isso vos atormenta
Têm mais areia na cabeça do que na ampulheta
Já não vão lá nem com tanto contacto comprado
Pois acaba aqui o vosso contrato com o tempo contado
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11. |
Sonhos
03:03
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Sonhos são pensamentos em que nos aliciamos
São suposições sobre posições que ambicionamos
São uma vida às cegas através das nossas visões
Não os podermos viver são as nossas maiores lições
(x2)
Mais um sonho na montra com o mantra “o céu é o limite”
A vida como anda ele comanda até que se alicie e licite
Aí vai pelo caminho que hoje a tantos valida
Nesta estranha estrada estreita que chamamos a vida
De distrito a distrito é destinto o destino
Esse diferencial eu distingo se o chamam discreto eu desminto
Em sumário são como presentes os nosso pertences
Do nosso salário estamos à mercê e pa’ merecer um mercedes
Somos mercenários mas ele já nem pa’ mercearia chega
É uma miséria que a gente até a uma mixaria ceda
A maioria quer melhorias como moradias e mordomias
Mas não mil chances, só as que neste mundo crias
Muitos que não se esmeram esperam um messias milagreiro
Só mendigam migalhas pa’ amealhar pa’ um mealheiro
Há que acordar pa’ vida, é o que dizemos risonhos
Já descobri que não é a dormir que vivemos os sonhos
Sonhos são pensamentos em que nos aliciamos
São suposições sobre posições que ambicionamos
São uma vida às cegas através das nossas visões
Não os podermos viver são as nossas maiores lições
(x2)
Isto mete dó, lamento… o teu sonho ter um orçamento
Precisas do capital, não podes ter só talento
Isso é sorte a menos, novamente, vê se entendes
Vozes de pobres dizem que isso são nozes pa’ quem não tem dentes
Então nem tentes… mais um individuo indevido que o investido endividou
Foi-lhe exigido e ele sem êxito hesitou
Hoje trabalhas sem fim, já não há dias de mérito
Vives o sonho diariamente através de linhas de crédito
É a vida do tuga, aproveita-a porque é tua
Também eu vejo por perto a dor que nos perpétua
Não sinto só no papel, é na pele, não penses que eu só suponho
A cada chance nós vemos a inflação do nosso sonho
Só proponho mais humildade nos sonhos e ficções
Porque pa’ fazer milhões é preciso ter-se milhões
A influência vem do nome ou dum lugar ajustado
Aprende que pa’ viver os sonhos não basta sonhar acordado
Sonhos são pensamentos em que nos aliciamos
São suposições sobre posições que ambicionamos
São uma vida às cegas através das nossas visões
Não os podermos viver são as nossas maiores lições
(x2)
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12. |
Fénatismo
03:22
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É desmiolado e dissimulado o que é insinuado e ensinado
Cenário encenado de um deus enciumado se não é encimado
É de si parvo, o mencionado mas há quem cresça a crer na crença
É uma prisão mental, perpetuidade é uma pena extensa
Um missionário em missão é um visionário sem visão
Dão a hóstia pela ostentação mais um milionário num milhão
Quem os enriquece é por interesse, não por uma bondade sóbria
Estão a mando dos mandamentos sem uma vontade própria
E quem nos benze é pela benesse
não há reza nem prece, aqui perdão é só pra’ quem merece
e pa’ quem se preze e não seja apenas só mais um seguidor
que segundo vestígios em versículos o mandam ser um servidor
o vosso dinheiro lavado, louvado seja
é-vos doado de mão aberta que nem o mais poupado fecha
até o mais ousado beija a cruz do vosso senhor
na vossa fé livre de julgamentos, é só isso que eu posso expor
com o fanatismo da fé fazem negócio
são acionistas de empresa e deus é vosso sócio
faz uma reza e pede mais um depósito
diz que é a vontade de deus, nem de propósito
(x2)
Tem me indignado o que é mendigado isso tem me ensinado
Que é no mínimo minucioso a adoração que têm incitado
Ora são horas da oração, angariação pó’ sexto dígito
O que antes foram contos agora são um texto bíblico
Quanto à vossa história, quantos livros há sem ela…
Não pretendo me impor à fé, só ao negócio que fazem dela
Devagar divagam sobre a dádiva dada que dá vida a dívida
Devida ao que cada crente decida doar de forma lícita
Muitas vezes vi-me ostracizado
Por não seguir os vossos esquemas de crime organizado
Pra’ esse conto do vigário eu sou pouco solidário
Se esse deus nos acompanha eu sou um lobo solitário
O nosso dinheiro é bem vindo, benzido seja
Para o lavar do pecado pesado de quem isto veja
Que dinheiro é um mal necessário, é essa a cruz do vosso senhor
Na vossa fé livre de impostos, é só isso que eu posso expor
com o fanatismo da fé fazem negócio
são acionistas de empresa e deus é vosso sócio
faz uma reza e pede mais um depósito
diz que é a vontade de deus, nem de propósito
(x2)
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13. |
Circunstâncias
02:45
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Nesta vida citadina Eu começo o dia
Tento fazer o necessário por um teto e comida
12h de trabalho ‘tou possesso por guita
Porque o poder de compra desce e o resto duplica
Melhorias, é ver pa’ crer, até o cego duvida
Comem-nos o fruto do suor e chamam esse processo rotina
O mundo pertence só a quem do sucesso nos priva
Do nosso pão dão migalhas nem o progresso motiva
Por isso ‘tou na correria, eu curei a fadiga
e fui atrás do meu quando pulei da partida
pa' alcançar metas ninguém sabe o que suei mas a vida
Fez-me ir atrás da coroa de quem tem o rei na barriga
E tudo o que eu faço... É a favor do sustento
sempre fui grato, não costumo só dar valor no tormento
E o meu temperamento... Mostro de amor um porcento
Sempre fui muito frio pa' agir no calor do momento
A rotina que sigo eu cito, virou um circo, neste sítio sinto-me
sínico, no meu círculo eu sinto um ciclo vicioso, um síndrome
por isso sigo sozinho até ao dia em que eu seja pó
estão-me a dar música à espera que por si só lá tenha dó
pa quem me julga escute, quem não se ajusta é burro,
na juventude achamos que precisamos de ajuda em tudo
Isso é uma atrocidade, sinto-me ostracizado,
venho de onde a cidade não me deixa normalizado
perdido num estilo de vida pendular, perdendo o ar
a minha ambição nem que por medo pare eu a pretendo doar
vou me pondo de lado pa' do meu legado me emponderar
à espera deste dom domar, portanto, ele é bom durar
eu não me prendo num bar a ponderar me empoderar
apenas tento perdurar e preponderar pra prosperar
o que sou depende do lar onde quero por perto estar
o meu melhor eu o prometo dar e o perpétuar
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14. |
Câmbio
02:49
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História mal contada por quem a vida narra
conta que a nossa ambição é de quem não tinha garra
entrelinhas dissipadas no meio da tinta gasta
até aparecer um mau da fita que um dia diga basta
porque esta rotina é assassina a nossa sina mata
neste mundo cão, ter raça é ser um vira-lata
pra mim é gota d'água se aqui não pinga nada
engulo melhor o pão que o diabo amassa a cada trinca dada
sem vencimento, é quando cada bênção vira praga
pensas nisso o mês seguinte, este mês o visa paga
perdes a noção do extrato, espera só até vir a carta
aí quando vês o valor, uma pessoa fica parva
pra nós o sol não brilha mas um dia esse clima passa
talvez mude com o sigilo em quanta guita faça
as finanças estão em cima quando a dica vaza
sei como é porque também é assim na minha casa
Aqui o euro é tentação e é te dito que peques
todos precisamos dele, eu não te digo que negues
sinceramente não importa se é a Cristo que serves
por aqui é tradição mas eu não vivo de preces
depressa desesperas se esperas algo dos ricos que herdes
fortunas são hereditárias pa' quem é filho de chefes
neste mundo tens uma chance e só isso recebes
sem atalhos tem a visão, no trilho que segues
mantem-te sempre atento a todo o guito que geres
declara o necessário se não é ao fisco que deves
anseias o topo mas lá no cimo te perdes
quando cheira à guita és apanhado nisto se fedes
'tou te a dar game por isso vê se isto percebes
porque tal como tu, também não me privo de stresses
na escola da vida a lição é que há vários tipos de testes
e histórias sem valor não se escrevem em livros de cheques
|
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15. |
R.I.P. (Outro)
00:45
|
Vendetta Leiria, Portugal
Não me considero um rapper, considero-me um artista, alguém que usa a sua arte para exteriorizar a sua visão da realidade em que habita. A minha criação é feita com o despropósito de agradar massas ou de gerar fama. Sou um criador, apenas crio, cabe ao público apreciar a arte, ou não, consoante aquilo que interprete dela. ... more
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